segunda-feira, 4 de abril de 2011

A CIBERNÉTICA

A CIBERNÉTICA 

INTRODUÇÃO

A Cibernética estuda as máquinas automáticas e os seres vivos no que eles têm de sistemas auto-governados. Assim, tendo determinado as leis de tais sistemas, conseguimos, pouco a pouco, compreender que sua aplicação é muito mais geral do que se poderia pensar, porque a própria natureza é um sistema auto-governado.

Cito o exemplo da "tartaruga artificial" de Grey Walter (autor do livro Living Brain, Nova York, Norton, 1953), vivendo a sua própria vida, alimentando-se de luz, procurando um canto para digerir, usando os seus próprios recursos para esses fins.

 A CIBERNÉTICA

* Roque Theophilo* O termo Cinernética  é bem mais antigo do que se costuma supor e não se relaciona só a máquinas, mas também a certos sistemas do organismo humano.

A Cibernética a princípio parece ser uma novidade em termos científicos, mas é, porém, muito antiga, e suas relações com o ser humano é muito estreita, quer no que concerne ao soma, quer no que concerne à psique. Daí ser um tema bem actual em psicossomática.

Platão, em Gorgias (ou Córgias), escreveu: "A Cibernética salva dos maiores perigos não apenas as almas, mas também os corpos e os bens". Cibernética é um termo hoje já incorporado à linguagem do quotidiano, e se define como a ciência de todos os automatismos, tanto das máquinas quanto dos seres vivos. Devemos, entretanto, considerar que não é um capítulo do conhecimento humano moderno.


Linguagem hermética

A Cibernética é, sem dúvida, uma "ciência da perplexidade", porque muito se fala e se escreve dela, na maioria das vezes dentro de uma linguagem hermética e direccionada a especialistas.

Para sermos claros, é necessário conhecer os meandros das ciências, que têm uma relação íntima com a Cibernética, que no caso é a homeostasia.

O psiquiatra inglês Walter Ross Ashby, director do Laboratório de Investigações de Barnwood House, Gloucester foi o primeiro a lançar-se na aventura de conquistar, pelo génio humano, um novo grau de automatismo, criou o homeostato, que é um aparelho que procura, por seu próprio comportamento, responder às excitações que lhe tenham sido fornecidas por intermédio de uma célula fotoeléctrica, de um termómetro ou de um microfone. O homeostato compreende certo número de elementos, todos idênticos à maneia dos neurónios de uma zona cerebral.

Cabe aqui tecermos considerações sobre o termo homeostasia que, em fisiologia médica significa a tendência à estabilidade do meio interno do organismo, enquanto que para a Cibernética a homeostasia estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também com as máquinas.

A homeostasia é a propriedade auto-reguladora de um sistema, ou organismo, que permite manter o estado de equilíbrio de suas variáveis essenciais ou de seu meio ambiente.

A denominação homeostasia foi criada por Walter B. Cannon, em 1929, para a actividade coordenada do organismo, mediante adaptações autómatos, frente às condições ambientais mutáveis.


Regulador do metabolismo

Na realidade, o mecanismo de homeostasia funciona, fisiologicamente, como o sistema simpático. Em 1934, Popoff seccionou as ligações parassimpáticas, e após alguns dias, passada a fase de choque, o controle de temperatura, da circulação e do metabolismo se normalizava. Essa recuperação não ocorre quando a secção é do sistema simpático (Cannon).

A palavra homeostasia era quase desconhecida na França. No entanto, constitui o título de uma conferência pronunciada na Sorbonne, em 1930, e publicada, em seguida, no Cours des Facultes pelo grande fisiólogo norte-americano Walter B. Cannon, que foi a Paris como "professor de intercâmbio" da Universidade de Harvard.

Nada melhor que a definição de homeostasia dada pelo seu próprio autor: "Homeostasia é a faculdade que um organismo vivo tem de manter relativamente constante um certo estado de equilíbrio". Em suma, homeostasia normalmente eficaz pode interromper, em certos estados anormais, as emoções negativas, a ansiedade ou angústia que são os principais descompensa dores do sistema simpático.

Agora podemos compreender, ainda melhor, os mecanismos das doenças psicossomáticas e as suas relações com a Cibernética.

A História da Cibernética 

* Roque Theophilo* A Cibernética é uma palavra de origem remota que explica o estudo das funções humanas de controle e dos sistemas mecânicos e electrónicos que se destinam a substituí-los. Cibernética é uma palavra que se origina do grego kibernetiké (timoneiro; o que governa o timão da embarcação; o homem do leme, em sentido figurado, ou aquele que dirige ou regula qualquer coisa; guia, chefe). A palavra também é designativa de piloto. No grupo de Norbert Siener, considerado o introdutor da cibernética nos moldes que vem sendo empregada actualmente, fisiologistas e matemáticos estavam sentindo a falta de um vocábulo que lhes permitisse entenderem-se, pela falta de um termo capaz de exprimir a unidade essencial dos problemas de comunicação e controle na máquina e nos seres vivos, já que todas as palavras até então propostas, ou se extremavam muito nas máquinas ou, em caso contrário, na vida.

Procuravam, de fato, exprimir a qualidade de nova ciência. Daí apelou-se, segundo Norbert Wiener (1894 – 1963), norte-americano considerado o pai desta disciplina, por se criar uma palavra artificial, neo-grega: Cyberbética de kubernétes (piloto de navio e, por extensão, governador de um país, que exprime bem a ideia de comando, de condução). Platão, na sua obra Diálogos, utiliza o termo para denominar a arte de navegar e de administrar províncias. No livro Górgias, diz: "A cibernética salva dos maiores perigos não apenas as almas, mas também os corpos e os bens". Pôs a palavra na boca de Sócrates, também como substantivo, com o sentido de "ciência da pilotagem".

Andrés Maria Ampère, no vasto Ensaio sobre a Filosofia das Ciências, obra inacabada que ele dizia ser "uma exposição natural dos conhecimentos humanos", colocou a cibernética no capítulo da política, definindo-a como a parte da política que trata dos meios de governar, criando a palavra kybernesis.

Psicocibernética

Maxwell Maltz, famoso cirurgião plástico e psicólogo, criou o termo psicocibernética em seu livro Psycho Cybernetics, para indicar o controle da psique humana para uma finalidade produtiva e útil. Para ele, os sentimentos negativos podem desviar uma pessoa de uma finalidade positiva e pela psicocibernética a pessoa pode ser encaminhada para realizações satisfatórias.

Antigamente, acreditava-se que o cérebro humano era constituído de 12 a 14 milhões de neurónios, dispostos de forma caprichosa e associados por filamentos nervosos com os órgãos e os tecidos do corpo.

Dados mais recentes indicam que não se conhece ainda o número exacto de neurónios. O cerebelo, "oficina que manobra" o sistema nervoso central, contém em torno de 100 milhões de células. A organização morfofuncional dos neurónios representa a unidade universal do sistema nervoso.

Santiago Ramon y Cajal (1852-1934), Prêmio Nobel (1906), foi o primeiro e grande entusiasta a desenvolver estudos sobre os neurónios, enriquecendo o conhecimento do tema com as suas investigações.

O cérebro tem na vida animal implicações constantes com situações cibernéticas para sobrevivência e procriação da espécie. Exemplo: os vôos dos pássaros seguem princípios cibernéticos quando se deslocam milhares de quilómetros, de uma região para a outra, conforme a estação do ano mais adequada para a sua sobrevivência, sem estarem ligados aos noticiários dos boletins meteorológicos fornecidos pelos mais avançados laboratórios aeroespaciais, orientados por satélites. Os esquilos, que nascem na primavera, sem nunca terem vivido um inverno, colhem castanhas no outono para poderem sobreviver durante a estação mais fria.

Em espectáculos circenses, quando os apresentadores "somam" números simples, o cachorro late o resultado da operação, embora obedecendo sinais imperceptíveis para a plateia. Quando se lhe mostra a tabuleta com o número três, late três vezes; quando é o número cinco, cinco vezes e assim sucessivamente. Tal comportamento, aprendido pelo cachorro, segue mecanismos cibernéticos.

No interior do cérebro humano encontra-se um minúsculo "computador electrónico", um "gravador", isto é, um "servomecanismo automático", que é um complexo mecanismo que poderá conduzi-lo a estabelecer os seus próprios objectivos cibernéticos.
O homem pilota a sua relação arbitral, isto é, a sua vontade, ciberneticamente a um determinado objectivo; portanto, não se pode dizer que o homem seja uma máquina, mas sim que pilota e controla as suas acções. Por exemplo: estão arquivadas na memória mecanismos de sucessos e de fracassos em nosso "computador electrónico". Quando desadequávamos vivências passadas bem sucedidas, certamente se reavivarão sentimentos de confiança que acompanharam tais experiências bem sucedidas, o que se dará no caso inverso quando são evocados os fracassos.

Pai da cibernética

Surge da fisiologia a certidão de nascimento da cibernética de Wiener. Ele apresentou ao filósofo Rosenblaut a seguinte pergunta: "Existirão desarranjos nos feedbacks do sistema nervoso? E quais serão as suas causas?". Foi a partir daí que a cibernética nasceu, pela interfecundação da mecânica e da fisiologia.

Existem, entretanto, controvérsias quanto ao pioneirismo da criação do termo. O próprio Norbert Wiener considera que Gottifried Wilheim Leibiniz (filósofo, matemático, teólogo, jurista, historiador e lingüista alemão), pelos conhecimentos que tinha de linguística e pelas ideias de comunicação, foi o antecessor intelectual das ideias que expôs no The Human Use of Human Beings, publicado nos Estados Unidos em 1950. Por outro lado, declara que as suas concepções estão muito longe de serem iguais a Leibiniz.

As máquinas computadoras de Leibiniz eram apenas uma derivação de seu interesse por uma linguagem de computação, um cálculo raciocinante que, por sua vez, era em seu espírito, apenas uma extensão da ideia de uma completa linguagem artificial.
Wiener, em 1960, visitando os laboratórios do famoso fisiologista russo P. K. Anokin, em Moscou, reconheceu publicamente a prioridade de Anokin na aferição do retorno que consiste nas excitações, colhidas pelos correspondentes receptores, que levam ao surgimento de uma especial sinalização nervosa, que se dirige até o sistema nervoso central.

Este conceito cibernético, pela primeira vez formulado na história da ciência, foi enunciado pelo filósofo russo, em 1935, na sua célebre obra Problemas do Centro e da Periferia a Fisiologia do Sistema Nervoso. Foram 13 anos antes de Norbert Wiener haver formulado pensamentos análogos sobre a cibernética.

Pouco antes de morrer, em 1962, perguntado sobre qual seria a posição da ciência na década de 80, retrucou: "Os problemas fundamentais da biologia vão estar de tal maneira ligados ao sistema e sua organização, quanto ao tempo e ao espaço, e aqui a auto organização terá que jogar com o seu papel fundamental. Por isso, minha opinião sobre a ciência da vida é de que não apenas se dará a assimilação da física pela biologia, porém, o processo contrário, ou seja, a assimilação da biologia pela física."

Em A Cibernética do Sistema Nervoso, que enfoca o problema da cibernética relacionada com a religião ele, parodiando a Bíblia, afirma: "Seja dado ao homem o que é do homem e ao computador o que é do computador."

Fábio wagner Conclui que a Cibernética é um grande portal, porque ela abre um domínio onde as ciências exactas se unem à filosofia, onde a metafísica se une à lógica, de onde se abrem estradas virgens para velhos lugares. Portanto, a própria metafísica se torna lógica. Mas Cibernética é uma palavra que entrou bruscamente na moda, e há bom tempo deixou para segundo plano o vocábulo átomo. É modismo dos laboratórios de hoje o desejo de suplantar, pela automação, a própria obra de Deus que é o homem, elaborando, de forma artificial, a génese humana com máquinas que acreditam que pensem; daí, urge que se estabeleçam códigos bioéticos, pois que da forma que estamos caminhando, um belo dia, como o aprendiz de feiticeiro, criar-se-á um monstro que não poderá ser controlado, suplantando a vontade do homem que o criou.



BIBLIOGRAFIA

  • www.psicologia.org.br/internacional/ap9.htm
  • www.psicologia.org.br/internacional/ap10.htm
  • www.paralerepensar.com.br/ivoneboechat_aciberneticasocial.htm
  • www.artigos.etc.br/a-cibernetica-e-a-contemporaneidade.html

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